segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Morte antes da vida...

O João fecha o porta bagagens do carro. Ainda falta meter um saco, mas ali não cabe mais nada. Olha em frente e vê Maria, sua actual e recente esposa, que se desloca em sua direcção e que traz consigo o ultimo saco. Maria usa um curto vestido de cores vivas que condiz perfeitamente com os seus olhos verdes e o seu cabelo avermelhado. O João acha as sardas da Maria irresistíveis. Ela mete o saco no banco de trás do carro e dirige-se a ele. Dá-lhe um leve beijo na boca. O João sente os suaves lábios da Maria a tocarem os seus. Olham-se e sem nada dizerem, ambos ouvem um Amo-te vindo do outro.

- Vamos?

- Toca a andar!

Ambos entram para o carro. O joão acciona o motor do carro e partem.
O João e a Maria casaram faz um ano. Desde então que tem tentado amealhar algum dinheiro para que possam passar umas ferias agradáveis e, esperam, inesquecíveis. Têm como objectivo percorrer o país em que vivem de norte a sul.
É Agosto, a manha faz prever um esplendoroso e acalorado dia de sol. O Seat de ambos, adquirido que foi com o dinheiro das famosas gorjetas do casamento, desloca-se em direcção à periferia da cidade. O rádio do carro está sintonizado numa das muitas rádios disponíveis, embora nenhum dos dois preste atenção na música. Estão ambos sorridentes e radiantes por estarem a viver um momento pelo qual tanto esperaram.
O telemóvel de Maria toca. É a sua mãe a desejar-lhes boa viagem e que se divirtam.

- Claro que nos vamos divertir Mãe. Estas vão ser 'as' férias.

- Vão com cuidado. Beijos.

- Beijo Mãe, depois volto a ligar.

O João conseguiu ouvir todo o discurso, incluindo o da parte da sua sogra.

- Porque motivo a tua mão grita quando está ao telemóvel? será que pensa que não a ouvimos?

- Oh, não gozes... um dia serás assim também!

Ambos soltam uma gargalhada.
O João pára o carro em frente a um hipermercado.

- Maria, vai tu num instante comprar as coisas que eu tenho que aqui ficar pois o carro está mal estacionado.

- Ok, já volto.

Maria dá um beijo na face de João, enquanto este olha pelo espelho retrovisor do carro para se certificar que não está a interromper o tráfego automóvel. Maria entra apressada no hipermercado e dirige-se rapidamente para a secção dos produtos de higiene. Olha para a parte dos protectores solares e, não querendo perder muito tempo, escolhe o mais barato de uma marca conhecida. No final do corredor dos produtos de higiene, repara no facto de ali existirem testes de gravidez á venda. Tal facto fá-la pensar que tem a menstruação atrasada e que pode muito bem estar grávida. A curiosidade é muita e Maria decide levar um teste de gravidez consigo. Enquanto espera na pequena fila para pagar, lê as instruções do teste. É bastante fácil e rápido de usar. Paga as compras em dinheiro e, pelo facto de estar tão ansiosa por fazer o teste, já se esquecia do troco. Dirige-se apressadamente para os sanitários do hipermercado. Entra num dos compartimentos vazios e tranca a porta por dentro. Faz o teste. Olha para a cor e, consultando a embalagem do teste, verifica que está gravida.
Maria fica sentada na sanita, impávido, pálida e ao mesmo tempo serena durante alguns momentos. Finalmente cai na realidade novamente e implode, pois sempre quis ser mãe. Uma lágrima caí pelo seu rosto a baixo.
Passados 2 minutos Maria está de volta ao carro onde João a aguarda.

- Então, tás pronta? Podemos seguir?

Maria responde com um aceno de cabeça. João percebe o sinal e ambos partem para a tão desejada viagem.
Passam 5 minutos sem qualquer dialogo entre eles, algo que não é normal, o João diz:

- Passa-se alguma...

Maria interompe com um:

- Estou grávida!

O João congela. Sente um arrepio percorrer-lhe o corpo, enquanto pensa naquilo que Maria acaba de dizer. Olha Maria nos olhos e ambos sorriem de felicidade, não notando que estão a sair só lado da estrada onde devem circular.
Ambos ouvem os sons agudos provenientes dos pneus de um carro, olham em frente precisamente no momento em que ocorre uma colisão entre o carro em que circulam e um autocarro de transporte de estudantes. A Maria, o João e a Inês, a filha em formação, morrem...








É Fevereiro e lá fora chove torrencialmente.
O João acorda com o irritante barulho do despertador. Está na hora de levantar para ir para o trabalho.
Maria dorme profundamente ao seu lado.

Tudo não passou de um sonho.

2 comentários:

Di disse...

!!!!! Clap clap clap clap !!!!!

Dás-lhe bué! Sou tua fã! :)

Luis disse...

Thanks :D